terça-feira, 17 de novembro de 2009

ECOCIDADES – O Que São?


Ecocidades são cidades ecologicamente saudáveis. Não existem tais cidades. Há fragmentos de ecocidades espalhados pelas cidades atuais e através da história. Percebemos intenções da ecocidade nas atuais tecnologias de reciclagem, de energia solar e eólica, nos projetos de revitalização de rios, jardinagem urbana e plantação de árvores frutíferas. Indivíduos que preferem andar a pé, de bicicleta ou usar transporte coletivo ao invés do automóvel, nos dão indícios de um futuro diferenciado. Arcosanti, Arizona (Soleri) e Cerro Gordo, Oregon são protótipos de ecocidades.

SITUAÇÃO ATUAL: Cidade, Natureza e o Principal Agente do seu Declínio.

Biorregionalistas apontam para a importância da aprendizagem sobre o local onde vivemos: clima, temperatura, geologia, solo, animais, plantas e a história completa das suas inter relações com os humanos. Esse conhecimento nos alerta dos impactos sobre a natureza. Não se pode sentir falta daquilo que se desconhece.

Cidades poderiam ser reconstruídas para se enquadrarem em suas biorregiões de maneira não destrutiva e ainda regenerativa, através de uma coevolução e suporte mútuo com a natureza.

Um futuro saudável requer mudanças e um crescimento diferenciado. Algumas cidades encolhem, tornando-se muito mais compactas, outras dividem-se em unidades menores, enquanto o aumento populacional ocorre ou não.

“Sem dúvida, o mais destrutivo agente causador da desintegração social, contaminação ecológica, do envenenamento de pessoas e do meio ambiente, do desperdício de energia e até mesmo de homicídio é o automóvel.” Carros permitem a ampla ocupação do solo, tornando as pessoas dependentes do veículo individual.

PRINCÍPIOS DA CONSTRUÇÃO DAS ECOCIDADES:

As razões que sustentam a idéia das ecocidades são a defesa, a exploração e a apreciação da vida na Terra. A maior conquista possível para uma biosfera saudável seria a evolução da diversidade humana em conjunto com a da natureza.

CIDADES “CHATAS”, CIDADES COMPACTAS:

As altas densidades devem ser combinadas com “mixed uses” (usos mistos).
Diversidade é saudável nos sistemas ecológicos, na sociedade e na economia das cidades. “Sprawl” (alastramento) força as pessoas a viverem em uniformidade e assim, a percorrerem longas distâncias, poluindo o meio ambiente e ainda desperdiçando energia.
Desenvolver zonas menores, ou “pontos” de grande diversidade nos bairros é muito útil para o transporte público, favorecendo os pedestres e evitando o congestionamento de carros.

Podemos adotar uma “política de proximidade”, que consiste em empregar, alugar, emprestar, comprar de / para pessoas que moram no local. Transporte público funciona melhor quando move as pessoas de um ponto ativo (de concentração) para outro.

REDUÇÃO DA LARGURA DAS RUAS:

O estreitamento das ruas deve acontecer em bairros de densidade média. Não se deve reduzir a largura de corredores de trânsito e vias artérias. Espaço para jardinagem pode ser adicionado ao pátio das casas, do lado ensolarado da rua, plantando-se árvores frutíferas e vegetais que não empeçam a passagem do sol. Do outro lado da rua, onde há bastante sombra decorrente das casas, é um bom local para plantação de nogueiras e frutíferas maiores. Pouco tráfico significa que os vegetais podem ser cultivados no jardim da frente sem risco de acumular poluentes. Placas solares são empregadas, no caso, voltadas para o sul. Bairro integral: “mixed-use”. Várias funções estão conectadas no local: moradia, emprego, escolas, recreação, natureza, agricultura.


EDIFÍCIOS ALTOS, DENSIDADES ALTAS:
Ocupação Plana X Desenvolvimento Compacto:

- Construções de maior altura poupam grande área do solo para a natureza e para a agricultura;
- Salvam energia e previnem poluição, favorecendo pedestres e ciclistas;
- Criam diversidade social (comércio e cultura);
- Podem gerar vários telhados verdes escalonados, favorecendo a natureza e o ar puro, bem como uma ocupação de espaço completamente nova;
- Pode-se obter o mesmo programa de uma ocupação plana em uma área muito menor, com maior diversidade e aproveitamento em uma ocupação compacta e elevada;

CONCEITO DA RUA LENTA (Slow Street ou Woonerf):

A Rua Lenta é uma das várias maneiras de desacelerar o trânsito. A velocidade máxima de trânsito permitida é a mesma de uma bicicleta em ritmo de passeio. Neste conceito, sinaleiras apontam para a rua perpendicular à Rua Lenta, garantindo um trânsito lento, porém fluido. Estas ruas, chamadas de “woonerfen” na Alemanha, se tornam lugares, e não simplesmente vias de acesso. Em uma woonerf, o limite de velocidade é tão lento que ultrapassar um pedestre é considerado ilegal!

ILUSTRAÇÕES:

Centro em transformação: de uma “cidade-carro” para uma cidade ecológica para pedestres.
Um típico centro de cidade com seus “edifícios-caixa” e conseqüentes estacionamentos, associando congestionamento, fuligem resultante da poluição e pavimentação impermeável do solo, para futuro alastramento da cidade.



Centro em transição: reestruturação do centro da cidade.


Reciclagem e reuso dos materiais de construção, recuperação das fontes naturais de água que haviam sido enterradas, adição de infra-estrutura para pedestres e a reconstrução baseada em uma transição para um tipo “mixed-use” e “desenvolvimento equilibrado”, nas quais as atividades mais importantes serão providenciadas dentro de uma distância curta.





Centro de ecocidade: utilizando uma fração da energia gasta anteriormente, ocupando menor área e abrindo lugar para a natureza.






Fluxos naturais de água restaurados, passarelas entre edifícios, ruas para os pedestres, tecnologia de energia solar, acessos para “ruas” elevadas nos terraços. Aos poucos, as pessoas estão se mudando dos subúrbios em direção aos centros, usando fonte de renda de desenvolvimento para comprar e remover as edificações das áreas dependentes do uso de carros.





(Trechos traduzidos do livro “Ecocity Berkeley”, de Richard Register)

2 comentários:

  1. Parabéns pela postagem.

    Fiz referência ("sinapse virtual") em:

    http://sinapsesgaia.blogspot.com/2010/03/ecocidade-projetos-de-gestao.html

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  2. Obrigada, querido!
    Estou seguindo seu blog! Muito interessante!
    Abraços!

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